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Artigo sobre Verbum Domini

Por: Dom Benedito Beni dos Santos

 

Resumo

               

Este artigo pretende oferecer uma visão sintética da Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini e, ao mesmo tempo, uma chave de leitura acompanhada de observações teológico-pastorais. A estrutura do artigo está calcada na própria estrutura da Dei Verbum.

 

Durante dois anos, a Exortação Apostólica referente ao Sínodo da Palavra foi aguardada ansiosamente por toda a Igreja. Finalmente, ela foi assinada pelo Santo Padre Bento XVI no dia 30 de setembro de 2010. Foi um presente do Papa a toda a Igreja. A Exortação Apostólica Pós-Sinoda l Verbum Domini tem uma introdução, três partes com diversos capítulos e uma conclusão.

 

A introdução recorda, antes de tudo, a fonte inspiradora de todo o texto: o prólogo do Evangelho de São João, o texto principal do Novo Testamento sobre a encarnação do Verbo: "...pretendo apresentar e aprofundar os resultados do Sínodo, tomando por referência constante o prólogo do Evangelho de São João (Jo 1, 1-18), que nos dá a conhecer o fundamento da nossa vida: o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus, fez-se carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1, 14). Trata-se de um texto admirável, que dá uma síntese de toda a fé cristã" (n. 5).

 

Em seguida, são recordados os objetivos da Exortação Apostólica. Em primeiro lugar, apresentar os resultados do Sínodo sobre a Palavra na vida e na missão da Igreja, que teve lugar no Vaticano de 5 a 26 de outubro de 2008. O segundo objetivo consiste em promover a animação bíblica de toda a pastoral. Vem, a seguir, a nova evangelização e o incentivo ao diálogo ecumênico. A primeira parte, de natureza teórica, é dedicada à reflexão sobre a Palavra de Deus e sua natureza (Verbum Dei). O que interessa, em primeiro lugar, é o fato de Deus ter dirigido sua Palavra ao ser humano. Deus é o Grande Mistério, o Totalmente Outro. O fato de ter falado ao homem é sinal de que Deus fala como amigo, fala por amor. Através da Palavra, Ele deseja entrar em relação com o ser humano, entrar em diálogo, em comunhão. Deus fala para fazer aliança e salvar. Daí a natureza da revelação. Ela não é, antes de tudo, uma série de informações sobre Deus. Ela é evento salvífico. Pela sua Palavra, Deus salva. A Palavra é, antes de tudo, o Verbo gerado pelo Pai desde o "princípio", isto é, desde toda a eternidade: "...nunca houve em Deus um tempo em que não existisse o Logos" (n. 6). A "Palavra de Deus" designa ainda a pessoa de Jesus Cristo, Filho eterno do Pai feito homem.

 

O único Verbo de Deus se expressa numa sinfonia de diversas vozes:

a) A própria criação (liber naturae). São Paulo mostra, nos dois primeiros capítulos da Carta aos Romanos, que a revelação de Deus através da criação não é apenas um processo racional que nos conduz da contemplação das coisas criadas à existência do Criador, mas é uma verdadeira comunicação de Deus, suficiente para despertar, nos seres humanos, a religião (adoração de Deus) e a reta conduta moral.

b) A palavra dos profetas: ("falou pelos profetas"): a Palavra de Deus anunciada, com a força do Espírito, na história da salvação.

c) A Tradição Apostólica: a Palavra de Deus pregada pelos Apóstolos: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura" (Mc 16, 15).

d) A Palavra de Deus escrita: Antigo e Novo Testamento.
e) A Palavra da Cruz (cf. 1, 18): "O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte porque Se "disse" até calar, nada retendo do que nos devia comunicar" (n. 12).

 

A Exortação Apostólica Pós-Sinodal sublinha a unidade entre o Antigo e Novo Testamento. Ambos formam um único livro. O novo está implícito no Antigo e o Antigo se torna claro, se realiza no Novo. Em outras palavras, Cristo é o Tesouro escondido no Antigo Testamento, como afirmam alguns Padres da Igreja. Já antes deles, o Apóstolo São Paulo, no capítulo três da segunda carta aos Coríntios, recorda o fato de que Moisés, após ter falado com Deus, desceu da montanha com o rosto resplandecente. Para que as pessoas pudessem olhar para ele, cobriu o rosto com um véu. E Paulo conclui: "...até hoje, quando (os judeus) leem o Antigo Testamento, este mesmo véu permanece. Não é retirado, porque é em Cristo que ele desaparece. Sim, até hoje, todas as vezes que leem Moisés, um véu está sobre o seu coração. É somente pela conversão ao Senhor que o véu cai" (2Cor 3, 14-16).

 

O texto cita também os critérios da interpretação católica da Bíblia segundo a Dei Verbum do Vaticano II: a unidade de toda a Escritura (exegese canônica), a tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé.

 

É necessário ter em conta a unidade de toda a Escritura, pois existe uma evolução na revelação. Ela é feita em diálogo com o ser humano e progressivamente. A pedagogia divina respeita a capacidade, as condições históricas e culturais do ser humano.

 

Quanto à tradição viva de toda a Igreja, existe uma compreensão continuada e crescente da revelação divina. É, através desta ponte, que chegamos à leitura do texto sagrado. Esta tradição está presente na liturgia, nos Padres da Igreja e no Magistério.

 

Com relação à analogia da fé, basta recordar que as verdades da fé estão ligadas entre si, formam um conjunto bem articulado. Implicam-se mutuamente.

 

A Exortação Apostólica Pós-Sinodal faz também um alerta com relação à hermenêutica secularizada, positivista, "cuja chave fundamental é a convicção de que o Divino não aparece na história humana" (35b). Esse pressuposto, que reduz tudo ao plano exclusivamente humano, nega a própria natureza do Livro Sagrado, que registra a revelação divina.

 

Ainda em relação à hermenêutica, o texto trata do sentido espiritual e literal da Sagrada Escritura. O sentido literal é objeto da pesquisa científica, do assim chamado método histórico-crítico. Ele se deve ao fato de que a Palavra divina está encarnada na palavra humana. É necessário, pois, levar em consideração a língua do escritor sagrado, a sua mentalidade e cultura, o gênero literário que ele usa.

O sentido literal é útil para a compreensão do texto sagrado, mas é insuficiente. A Bíblia não é simplesmente um documento histórico. Ela possui uma dimensão transcendente. Narra a história da salvação. Ela possui um senti do espiritual expresso pela tipologia. A exegese tipológica ajuda, sobretudo, a adquirir uma visão global da história da salvação e de seus diversos períodos.

 

O sentido espiritual é revelado por Deus. Está presente no Novo Testamento. Encontra-se também na liturgia, bastando recordar a Vigília Pascal. Encontra-se ainda nos Padres da Igreja, embora alguns deles tenham caído no exagero. Acham que tudo, na Sagrada Escritura, é sacramento, sinal, símbolo.

 

A nossa resposta à Palavra de Deus é a fé. Por meio da Palavra, Deus manifesta o desejo de entrar em relacionamento com o ser humano, de fazer aliança. A resposta ao Deus que fala é a fé, que consiste em acolher a sua Palavra como evento salvífico. "...é precisamente a pregação da Palavra divina que faz surgir a fé, pela qual aderimos de coração à verdade que nos foi revelada e entregamos todo o nosso ser a Cristo: ‘A fé vem da pregação e a pregação pela palavra de Cristo' (Rm 10, 17). Toda a história da salvação nos mostra progressivamente esta ligação íntima entre a Palavra de Deus e a fé que se realiza no encontro com Cristo" (n. 25).

 

O pecado consiste na não-escuta da Palavra de Deus: "Um fechar-se a Deus que chama à comunhão com Ele" (n. 26).

 

A segunda parte tem, como título, A Palavra na Igreja (Verbum in Ecclesia).

 

A Igreja é a Casa da Palavra. De um lado, porque o autor humano da Sagrada Escritura é o Povo de Deus. De outro lado, porque Cristo confiou a guarda de sua Palavra não a um indivíduo particular, mas à Igreja. A Igreja é, pois, o lugar originário da interpretação da Palavra. Ela interpreta oficialmente a Palavra. A Palavra de Deus é norma de fé para a Igreja e, ao mesmo tempo, sua vida. Graças à Palavra de Deus e à ação sacramental, Cristo se torna, na vida da Igreja, contemporâneo dos homens (cf. n. 51).

 

A Exortação Apostólica Pós-Sinodal afirma que a liturgia é o lugar privilegiado para o anúncio da Palavra. Isto é fácil de ser compreendido. A liturgia, afirma o Vaticano II, é a fonte e o cume de toda a vida eclesial. O anúncio da Palavra, feito neste contexto e como componente da ação litúrgica, é a principal forma de anúncio. Ainda mais, a Palavra de Deus deve sempre ser acolhida num contexto de oração. Na liturgia, temos a Igreja em estado de oração.

 

Para compreendermos a liturgia como lugar privilegiado para o anúncio da Palavra, basta recordar que os eventos salvíficos anunciados pela Palavra tornam-se realidade na liturgia. Nesta, a eficácia da Palavra se une à eficácia dos sacramentos. Finalmente, a liturgia eucarística expressa a própria finalidade da Palavra de Deus. Deus fala na Sagrada Escritura, afirma a carta Pós-Sinodal, para reunir o seu povo, alimentá-lo com sua vida e recebê-lo na sua comunhão.

 

A carta Pós-Sinodal, fazendo eco à voz do Sínodo, recorda a importância do atual Lecionário. Este apresenta os textos mais importantes da Sagrada Escritura. Existe uma correlação entre os textos do Antigo e Novo Testamento, tendo, como eixo, Cristo e seu mistério pascal. Para se descobrir essa correlação, é necessário considerar a unidade intrínseca de toda a Bíblia (cf. n. 57). O valor do atual Lecionário é reconhecido por diversas confissões cristãs que o utilizam. O Lecionário tem, pois, um significado ecumênico (cf. n. 57). Após a proclamação da Palavra, segue-se a homilia. Existem três modalidades de anúncio da Palavra: o querigma, a catequese e a homilia.

 

O querigma é o anúncio da Palavra feita àqueles que ainda não creem em Cristo e que deve ser repetido sempre àqueles que creem. É semelhante à proclamação da Boa-Nova feita pelo arauto. Foi o que fez Pedro no dia de Pentecostes. Diz o livro dos Atos que Pedro "de pé", isto é, em atitude de coragem, tendo os Onze ao seu lado, ergueu a voz e disse: "Homens da Judeia e vós todos habitantes de Jerusalém, ouvi o que vos tenho a dizer..." (At 2, 14). A seguir anuncia, com convicção e coragem, a morte e a ressurreição de Cristo pela nossa salvação. Proclama que, em nenhum outro nome, existe salvação. O querigma não é, pois, um anúncio decorado e feito mecanicamente. É o anúncio acompanhado do testemunho daquele que teve a sua vida transformada pelo evento que está anunciando.

 

A resposta ao querigma é a conversão, que consiste em renunciar ao pecado e entregar a própria vida a Cristo. Esta conversão é expressa publicamente no Batismo, sacramento pelo qual a pessoa ingressa na Igreja - comunidade dos discípulos de Cristo. Na Igreja, o discípulo prepara-se para tornar-se missionário. A finalidade do discipulado é a missão.

 

A segunda modalidade de anúncio da Palavra é a catequese: visão metódica da história da salvação e da doutrina da Igreja. O fundamento da catequese é o querigma.

 

A terceira modalidade é a homilia. Esta tem dois pressupostos. O primeiro é a unidade interior de toda a Sagrada Escritura (exegese canônica). E o segundo é a natureza da Palavra de Deus. A "dabar" é diferente da "logos" grego, simples comunicação do pensamento. A "dabar" é uma palavra - ação. Deus age pela sua Palavra. Salva pela sua Palavra. "Com efeito, na história da salvação, não há separação entre o que Deus diz e faz; a sua própria Palavra apresenta-se como viva e eficaz (cf. Hb 4, 12), como, aliás, indica o significado do termo hebraico dabar" (n. 53).

 

A homilia tem, como finalidade, introduzir a comunidade litúrgica no mistério que está sendo celebrado. Deve revelar o sentido cristológico da Palavra anunciada. Relacioná-la com a Eucaristia e à vida dos fiéis. Deve ter um tom coloquial e familiar.

 

A Verbum Domini recorda a importância pastoral da homilia. Ela envolve todas as pessoas presentes: crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres. Às vezes, é o único acesso que as pessoas tem à Palavra de Deus.

 

Oportunamente, a Verbum Domini recorda a importância do silêncio litúrgico e a necessidade "de educar o Povo de Deus para o valor do silêncio" (n. 66). Acrescenta: "O silêncio, quando previsto, deve ser considerado como parte da celebração" (n. 66). Vivemos num tempo barulhento, que não favorece o recolhimento. "...fica-se com a impressão de ter medo de se separar, por um momento, dos instrumentos de comunicação de massa" (n. 66).

 

Talvez valha a pena recordar, a propósito, as palavras de Dietrich Bonhoeffer: "Façamos silêncio, antes de ouvir a Palavra, para que os nossos pensamentos já se dirijam à Palavra. Façamos silêncio, depois da escuta da Palavra, porque ela continua a falar-nos, a viver e permanecer em nós. Façamos silêncio logo de manhã cedo, porque Deus deve receber a primeira palavra. Façamos silêncio antes de nos deitarmos, porque a última palavra pertence a Deus. Façamos silêncio só por amor à Palavra".

 

O silêncio articulado com a escuta da Palavra nos ajuda a compreender a importância da lectio divina recomendada pela Verbum Domini. A leitura orante está de acordo com a natureza dialógica da revelação divina. O Papa cita as palavras de Santo Agostinho: "Quando lês, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus" (n. 8). O esquema para a leitura orante, proposto pela Verbum Domini, se inspira na própria liturgia da Palavra; lectio, meditatio, oratio et actio. Cada um desses passos corresponde a uma pergunta: a) o que diz o texto bíblico em si? (lectio); b) que nos diz o texto bíblico? (meditatio); c) que dizemos ao Senhor em resposta à sua Palavra? (oratio). À oratio segue-se a contemplatio: olhar a realidade e perguntar: qual a conversão da mente, do coração e da vida que o Senhor pede; d) actio: doação aos outros na caridade (cf. n. 87).

 

No n. 73, a Verbum Domini, de modo rápido e insistente, trata da animação bíblica de toda a pastoral, incluindo movimentos, novas comunidades e pequenas comunidades. Todas as pastorais precisam promover o conhecimento da Sagrada Escritura e a leitura orante. As atividades das pastorais precisam ser iluminadas pela Palavra de Deus. Assim, as práticas pastorais serão envolvidas pela espiritualidade. Além disso, a Sagrada Escritura precisa possuir uma centralidade nos eventos eclesiais: congressos eucarísticos, concentrações, procissões, etc.

 

A terceira parte tem, como título, A Palavra para o Mundo (Verbum Mundo).

 

Afirma o Profeta Isaías que a Palavra sai de Deus, opera no mundo e volta para Deus. Ela é semelhante à chuva que cai e irriga a terra. A Palavra de Deus "não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido sua missão" (Is 55, 10-11). Esta Palavra é Jesus Cristo. No quarto Evangelho, ele afirma: "Saí do Pai e vim ao mundo. Agora, deixo o mundo e volto ao Pai" (Jo 13, 3; 16, 28; 17, 8-10).

 

Ele volta ao Pai, mas a sua missão é continuada pela comunidade de seus discípulos: a Igreja. A propósito, observa a Verbum Domini: "Por isso, na sua essência a Igreja é missionária. Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem" (n. 91).

 

A missão não é uma super-estrutura acrescentada à vida e à cultura de um povo. Ela é resposta a uma busca. Afirma a Verbum Domini: "Cada pessoa do nosso tempo, quer o saiba quer não, tem necessidade deste anúncio" (n. 91). Sujeitos deste anúncio são todos aqueles que, pelo batismo, se tornaram discípulos de Jesus Cristo, pois a finalidade do discipulado é a missão (cf. n. Todo o Povo de Deus é um povo enviado (cf. Ibid).

 

O destinatário da missão não são apenas os indivíduos, mas o mundo humano, ou seja, o mundo construído pelo ser humano: a família, o trabalho, a política, a economia, etc. A evangelização não pode separar os indivíduos do povo a que pertencem. Nem pode separar o povo de sua cultura: os hábitos sociais, as leis, o modo de organizar a sociedade, o conhecimento socializado. Por meio do anúncio, a Palavra de Deus penetra no mundo. A Verbum Domini sublinha o papel importante do anúncio da Palavra de Deus para a promoção da justiça (cf. n. 100), da reconciliação (cf. n. 102), da defesa da criação etc. (cf. n. 108). O anúncio deve, porém, ser acompanhado do testemunho para que tenha credibilidade. O contratestemunho daquele que anuncia, da comunidade, da Igreja, coloca obstáculos à eficácia da Palavra. "...aqueles que encontram testemunhas credíveis do Evangelho são levados a constatar a eficácia da Palavra de Deus naqueles que a acolhem" (n. 97). Podemos, a propósito, recordar a observação de Nietzsche: "Se a boa nova de vossa Bíblia fosse também escrita no vosso rosto, não teríeis necessidade de insistir, de modo tão obstinado, para que se creia na autoridade desse livro: as vossas obras deveriam tornar quase supérflua a Bíblia, porque vós mesmos deveríeis ser a própria Bíblia".

 

A conclusão da Verbum Domini insiste na necessidade de familiaridade com a Bíblia e apresenta um resumo das idéias principais do documento.

 

Nota:

1) Sua Excelência é Bispo de Lorena (SP), Licenciado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, mestre em Filosofia e Educação pela PUC-SP e doutor em Teologia Dogmática. É Supervisor Geral da Formação dos Arautos do Evangelho, e co-fundador desta revista.

 

Fonte: CNBB.

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